"Uma vida completa pode acabar numa identificação
tão absoluta com o não-eu que não haverá
mais um eu para morrer".
tão absoluta com o não-eu que não haverá
mais um eu para morrer".
(A Paixão Segundo G. H., Clarice Lispector)
Sábado à tarde fui passear com meu filho no shopping. Fomos fazer os programas de que ele gosta: cinema, game, lanche na Mac, comprar brinquedo na RI Happy (dessa vez era um beyblade - que eu só descobri o que era quando vi, porque segundo a descrição do meu filho era "um pião que não é um pião, mãe!"). Na saída, havia um espaço de diversão: era uma pista de autorama e outra de minigolfe. Deixei meu filho lá e fiquei no café em frente, tomando um capuccino.
Enquanto tomava o café, ia me distríndo vendo as pessoas passarem. Foi então que me dei conta de uma coisa engraçada: um número realmente grande de pessoas usando roupas quadriculadas. Camisa xadrez por cima de outra básica, vestidos, calças. Moças e rapazes assim. Muitos. Todos iguais.
Moro em Recife. Aqui, como em todo Nordeste, a tradição junina é muito forte. Mas já estamos em setembro. Nem nos lembramos mais de São João. Agora os preparativos são para o Natal e o Carnaval de 2012. Então, por que tanta roupa xadrez? Alguém me diria que é a moda. Mas é preciso mesmo estarem todos iguais para seguirem a moda? Houve um tempo em que usar camisa xadrez era apenas em época de São João, do contrário era um "mico". Hoje todos usam, porque alguém disse que deveria ser assim: os menininhos e menininhas mais descolados usam, então todos seguem atrás. O problema é que em algumas pessoas nem cai bem.
Há alguns anos, uma propaganda interessante circulou nos meios midiáticos. Entre outras coisas, ela trazia uma frase da qual eu sempre gostei: "não há nada mais ridículo do que você querer ser o que não é só porque está na moda". A moda faz parte de nossa cultura, e ela nos afeta mais do que imaginamos. Não há motivo de declarar guerra a ela. Não é essa a questão. Mas há uma ditadura sem sentido (como aliás, em qualquer ditaduta).
Eu usaria uma camisa xadrez. Acho inclusive bonitinho. Mas não sinto urgência em comprar uma só porque todos estão usando. É essa aquestão. Lembro de ter ouvido uma conversa entre mãe e filha em que a menina - uma adolescente super fofa - fazia o seguinte comentário: "Preciso comprar uma camisa xadrez, mãe! Todas as minhas amigas têm, menos eu". Como assim precisa? Eu me pergunto: "E daí? Qual o problema de não ter objetos que outros têm? Qual a necessidade de ser exatamente igual aos outros, como se tivéssemos sido feitos em série?"
Seguimos sim os mesmos padrões, porque vivemos em sociedade, sendo assim, temos uma cultura que nos define como sendo um grupo particular, nos dá identidade. Mas somos sujeitos também singulares, podemos ser diferentes e a diferença nos permite crescer, ampliar - e é o que nos destaca do grupo - nos faz únicos, em nossa pluralidade.
Além disso, é preciso usar aquilo que nos faz bem, porque de fato gostamos, porque é confortável, porque nos dá prazer, enfim... Isso é legítimo. O que não é é alegar que se quer comprar algo porque todos têm e isso obriga a ter também.
Tenho 40 anos. Este é um blog dedicado à leitura - seja de textos (em suas mais variadas configurações), seja do mundo, da vida. Era de se esperar, pela idade desta modesta blogueira e pelo teor do blog, um template mais sóbrio, que remetesse à profundidade e seriedade que, de certa forma, isso implica. Em vez disso, borboletas rosa, flores liláses e azuis, em tons pateis. Fazer o quê? Gosto de rosa (meu guarda-roupa está cheio dele), de flores e borboletas. Posso ficar bolando uma série de analogias e simbolismos para essas figuras, mas no fundo as uso porque gosto delas, acho lindas. E isso não faz de mim mais superficial nem mais profunda. É apenas a manifestação do que eu gosto - sou eu, exercendo o meu direito de ser eu mesma.
Moro em Recife. Aqui, como em todo Nordeste, a tradição junina é muito forte. Mas já estamos em setembro. Nem nos lembramos mais de São João. Agora os preparativos são para o Natal e o Carnaval de 2012. Então, por que tanta roupa xadrez? Alguém me diria que é a moda. Mas é preciso mesmo estarem todos iguais para seguirem a moda? Houve um tempo em que usar camisa xadrez era apenas em época de São João, do contrário era um "mico". Hoje todos usam, porque alguém disse que deveria ser assim: os menininhos e menininhas mais descolados usam, então todos seguem atrás. O problema é que em algumas pessoas nem cai bem.
Há alguns anos, uma propaganda interessante circulou nos meios midiáticos. Entre outras coisas, ela trazia uma frase da qual eu sempre gostei: "não há nada mais ridículo do que você querer ser o que não é só porque está na moda". A moda faz parte de nossa cultura, e ela nos afeta mais do que imaginamos. Não há motivo de declarar guerra a ela. Não é essa a questão. Mas há uma ditadura sem sentido (como aliás, em qualquer ditaduta).
Eu usaria uma camisa xadrez. Acho inclusive bonitinho. Mas não sinto urgência em comprar uma só porque todos estão usando. É essa aquestão. Lembro de ter ouvido uma conversa entre mãe e filha em que a menina - uma adolescente super fofa - fazia o seguinte comentário: "Preciso comprar uma camisa xadrez, mãe! Todas as minhas amigas têm, menos eu". Como assim precisa? Eu me pergunto: "E daí? Qual o problema de não ter objetos que outros têm? Qual a necessidade de ser exatamente igual aos outros, como se tivéssemos sido feitos em série?"
Seguimos sim os mesmos padrões, porque vivemos em sociedade, sendo assim, temos uma cultura que nos define como sendo um grupo particular, nos dá identidade. Mas somos sujeitos também singulares, podemos ser diferentes e a diferença nos permite crescer, ampliar - e é o que nos destaca do grupo - nos faz únicos, em nossa pluralidade.
Além disso, é preciso usar aquilo que nos faz bem, porque de fato gostamos, porque é confortável, porque nos dá prazer, enfim... Isso é legítimo. O que não é é alegar que se quer comprar algo porque todos têm e isso obriga a ter também.
Tenho 40 anos. Este é um blog dedicado à leitura - seja de textos (em suas mais variadas configurações), seja do mundo, da vida. Era de se esperar, pela idade desta modesta blogueira e pelo teor do blog, um template mais sóbrio, que remetesse à profundidade e seriedade que, de certa forma, isso implica. Em vez disso, borboletas rosa, flores liláses e azuis, em tons pateis. Fazer o quê? Gosto de rosa (meu guarda-roupa está cheio dele), de flores e borboletas. Posso ficar bolando uma série de analogias e simbolismos para essas figuras, mas no fundo as uso porque gosto delas, acho lindas. E isso não faz de mim mais superficial nem mais profunda. É apenas a manifestação do que eu gosto - sou eu, exercendo o meu direito de ser eu mesma.